A primeira impressão é a que fica?

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AGORA A ALÍCIA

Estação Termini – centro de Roma.

– Quanta “pessoas” mãe!

-É filha! Fica aqui no meu colo, bem juntinha. E abraça a tua bolsinha. Mais 5 paradas e a gente já chega na próxima estação.

-Abraça mãe, abraça mãe!

 

AGORA A MAMÃE-PSICÓLOGA

Quando você terminou de ler o post anterior, você deve ter me xingado pois estava curioso para saber o que eu escrevi na minha lista e teve que esperar até agora para saber. 😉

Então vamos lá. A lista que respondeu a pergunta “Que situação quero mudar” ficou assim:

  1. MATERNIDADE
  • Quero ter uma filha que ouça meus pedidos e respeite as decisões que são tomadas;
  • Quero que a minha maternidade e a infância para Alícia sejam algo divertido e prazeroso e não um fardo no qual eu fique torcendo “para passar logo essa fase”;
  • Quero voltar a ter “o meu tempo” privativo.
  1. BRASIL
  • Depois de quase dois meses eu já estou com muita saudades de casa, queria poder voltar;
  • Quero meus amigos e familiares por perto de novo;
  • Quero meu trabalho de volta, eu gosto de pensar e viver a psicologia;
  • Quero sair mais de casa, conversar com as pessoas, mas saber “falar italiano” é diferente de “saber umas palavras em italiano”.

Lista feita. Simples e objetiva, para poder dar uma direção depois. Se você deseja fazer a sua lista de mudanças, é importante que nessa primeira etapa, ela contemple as ideias centrais que te desagradam.

E depois, você vai ramificando e ampliando cada etapa. Assim sua chance de “se perder” no meio do caminho é menor. Siamo d’accordo*?

Como este é um blog focado nas questões da maternidade, eu vou, de forma resumida, já explicar como ficou resolvido a parte do BRASIL.

Eu enfatizo que é muito resumido, pois na prática, eu fiz um “esquema” parecido com a parte da MATERNIDADE, que vou detalhar para você adiante.

As duas mudanças foram acontecendo em paralelo e não gostaria que você ficasse com a impressão que tudo foi resolvido rapidamente. Foram mudanças gradativas ao longo de 6 meses.

Então vamos lá.

Para amenizar a vontade de voltar para casa, foi preciso mudar o pensamento de “coisas boas que eu tinha no Brasil e me fazem falta” para “coisas boas que a Itália possui e eu tenho a oportunidade de usufruir.”

A grande maioria das pessoas vem para Itália a passeio, tomam café da manhã de hotel, conhecem lugares históricos e voltam para o Brasil com gostinho de “quero morar lá”.

Mas ser morador em Roma é muito diferente de ser turista por aqui. E no primeiro momento, foi impossível não ficar com uma péssima impressão. Em geral, os italianos são grosseiros, não se esforçam para comunicarem-se com você e a cidade é muita suja.

Eu pensei inclusive em lançar um mini-curso para italianos chamado  “10 dicas infalíveis para ser bem-educado”, mas acho que não teria muita aceitação por parte do público e por isso eu desisti da ideia no primeiro mês.

Em comparação com a Itália, o Brasil é um “aprendiz” em termos de burocracia. Tem até programa de TV que fala somente da burocracia italiana, para você ter uma ideia. Ah! A TV italiana: são mais de 100 canais de TV aberta. Ótimo não é? Seria mesmo, se a maioria não fosse uma espécie de “canal do boi” italiano. E eu disse que ela é aberta, mas não é gratuita. Todos pagam uma taxa anual próximo a 150 euros.

Aqui você também encontra escândalos de corrupção, passeatas de protesto quase semanais e greve do transporte público de tempos em tempos.

Falando nisso, os trens e metros na região do centro são lotados a ponto de, muitas vezes, pessoas ficarem presas nas portas. Há pichação por todo lado, nas paredes e nos trens. E o mau cheiro então?

Quando a porta fecha , em fração de segundos você precisa decidir dentre as seguintes opções:

Letra A: Segurar firme sua filha para ela não cair.

Letra B: Procurar um lugar para se apoiar.

Letra C: Respirar para não desmaiar no meio da multidão.

Letra D: Cuidar da bolsa (ou bolso) para não ser roubado.

Letra E: Tentar fazer todas alternativas acima ao mesmo tempo e pensar “Seja o que Deus quiser”.

Eu normalmente escolho a letra E.

Além de tudo isso, o que me preocupava era saber que uma parte importante da infância da Alícia será aqui. Como é possível transmitir algo de bom ao seu filho, quando você mesmo não enxergar essa possibilidade?

Mas na vida há sempre um segundo momento para você refazer sua primeira péssima impressão. Porém só acontece se você tiver disposto a isso.

marcara2

E sabe de uma coisa?

6 meses depois, já não acho mais as coisas tão ruins.

Encontramos alguns italianos ao estilo tutti buona gente, que temos um contato mais frequente.  

Há alguns programas da TV aberta do qual eu acompanho diariamente e já dou até risada. Aprendi a gostar. Simples assim.

Faço um curso online de italiano. Quando Alícia encontra outras crianças no shopping e vai em direção à elas para brincar, eu procuro conversar com as mães para treinar o que aprendo nas aulas. E agora que já estou um pouco mais confiante, faço até piadas com atendentes do supermercado aqui do lado de casa.

Para matar a saudade, converso com amigos e familiares através das ferramentas que a tecnologia proporciona.

Diferente dos turistas, nós temos tempo de visitar, sem pressa, cada esquina e ponto da história romana. É incrível e lindo.

Aprendemos a escolher bons horários para utilizar os metrôs no centro.

Em relação à burocracia, fazemos como os italianos: insiste aqui, pede ali e se não der certo: senta e espera!

E o melhor de tudo: eu encontro 1 kg de Nutella por 4,99 euros na promoção, com bastante frequência. Na verdade, só este motivo já bastaria agora para me convencer de não voltar tão cedo. =)

Junta tudo isso com mensagem de amigos brasileiros falando que ainda existe BBB15 e informando o preço da gasolina no país.

Dessa forma, me conformo em não poder usufruir dos benefícios de ter um carro. Afinal, se eu estivesse no Brasil, eu também não iria usufruir mais.

Conclusão: eu estou feliz em estar aqui.

E no próximo post vamos ao assunto MATERNIDADE.

Traduções: estamos de acordo*?

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